CSA CEAFIM

Comunidade que Sustenta a Agricultura do Centro de Envolvimento Agroflorestal Filipe Moreira

Da cultura do preço para a cultura do apreço!

AS ORIGENS DA CSA CEAFIM

Em uma região de vale, de “terra dobrada” como dizem por lá, de um lado uma natureza exuberante, de outro um dos mais baixos índices de IDH do país, um homem se conectou à terra e à necessidade de vida digna para todas aquelas pessoas, e dessa emanação sincera, nasceu um líder nato hoje conhecido como Pedro baiano.

Seu Pedro bem que tentou a vida na cidade (no ABC paulista) como metalúrgico e, ao encarar o êxodo – dessa vez urbano – de volta à terra da família, encarou também o desafio de gerar abundância em meio a muita escassez.
Nessas terras desgastadas, pela criação de gado e pelas antigas práticas de “limpar” a terra com o fogo e o carpir da enxada, chega um técnico da Embrapa (hoje um amigo) chamado Oswaldinho e conta então para o seu Pedro sobre a Agrofloresta. Isso foi no ano de 1995. Rapidamente um pequeno grupo se organizou lá na Barra do Turvo e foram até a Bahia, lá na terra do Ernst Götsch, aprender teoria e prática desse tal modo agroflorestal de cultivo.
A casa do seu Pedro virou um ponto de referência dessa promessa de abundância que era a Agrofloresta e, como ele mesmo conta, “o pessoal começou a se juntar por lá”.

Os tradicionais mutirões já presentes na cultura local quilombola ganharam um ritmo semanal de troca de saberes e técnicas agroflorestais na terra de cada vizinho e já em 1996 formou-se uma associação de agroflorestores e agroflorestoras que cresceu e mudou muitos paradigmas locais. Essa associação se tornou uma cooperativa e chegou a reunir mais de 120 famílias, fazendo agrofloresta e comercializando seus produtos.

A coisa cresceu tanto, que desse ponto saíram muitas outras narrativas. Aconteceu de jovens de lá irem se formar em agroecologia, aconteceu de construírem cozinhas comunitárias, aconteceram editais e programas de expansão e fomento, até mesmo a criação uma baita de uma agroindústria. Porém o que continuava a pulsar no coração desse homem, era a necessidade de aproximar as pessoas, do campo e da cidade. Era também que a agrofloresta servisse ao grande propósito de modificar as pessoas assim como modifica as paisagens e ser, portanto, uma fonte de envolvimento e conscientização.

Nesse amadurecimento constante, em 2012 o seu Pedro oficializa a sua casa como um centro de envolvimento agroflorestal e passa a realizar no local – juntamente com a chef de cozinha dona Maria de Lourdes (sua companheira), com dona Maria de Fátima (sua irmã), seu José baiano (seu irmão) e seu Damião (seu cunhado) – vivências, imersões e cursos. Em homenagem ao já falecido irmão, que trabalhou junto na formação das agroflorestas, surge o CEAFIM, o Centro de Envolvimento Agroflorestal Filipe Moreira.

Compartilhar sua sabedoria em meio a natureza, com água e alimentos puros, foi algo que ocupou muito da “agenda” desse agricultor (seu Pedro). E ele fez muito disso, não só em seu sítio, mas também em palestras e eventos aos quais era convidado, ficando assim sem tempo para manejar a terra. Para alimentar o grande número de pessoas que recebiam em cada feriado ou final de semana, ele e dona Maria de Lourdes se viram indo comprar alimentos dos seus vizinhos o que os fez relembrar sua verdadeira vocação: aproximar a produção agroflorestal no campo e as pessoas na cidade em um processo educativo.

Seu Pedro já tinha o entendimento de que alimentos cultivados em agroflorestas necessitam de uma outra forma de comercialização, que valorize o cuidado com a terra e os serviços ambientais prestados por este trabalho árduo e apaixonado. Em 2018 – por conta da participação de dona Maria de Lourdes no grupo hoje autointitulado Rede Agroecológica de Mulheres Agricultoras (RAMA) – seu Pedro e dona Maria entraram e contato com o movimento das CSAs através do querido Wagner Santos (diretor operacional da CSA Brasil) no IV Encontro Nacional de Agroecologia em Belo Horizonte (MG) e entenderam que isso era o que estavam buscando. No final desse mesmo ano de 2018 conheceram algumas pessoas que já tinham contato com CSA e que buscavam aprender agrofloresta. Foi então que as ideias foram tomando forma e outros 11 agricultores se juntaram a eles: seu José baiano, dona Maria de Fátima, seu Damião, dona Vera, Severino, dona Aparecida, Cidão, Dilma, Denise, Noeli e Luis (Após acontecimentos e vicissitudes, essas quatro ultimas pessoas e o seu José baiano deixaram de participar do processo e outras duas passaram a fazer parte do mesmo, Thalles e Mari).

Em uma vivência agroflorestal realizada no carnaval de 2019 no CEAFIM, um conjunto de impulsionadores formou o grupo coração da CSA. Após uma série de esforços deste grupo uma proposta inicial foi feita, levando-se em consideração as necessidades e possibilidades dos agricultores e co-agricultores envolvidos no modelo colaborativo.

Em agosto de 2019 aconteceu em Curitiba a primeira partilha dos alimentos colhidos.

CSA significa Comunidade que Sustenta a Agricultura. Ela é a união de pessoas do campo e da cidade que acreditam na necessidade de uma série de ressignificações:
– Na agricultura – uma prática que regenere o solo, ao invés de agredi-lo e que traga soberania alimentar, ao invés de insegurança e servidão;
– Entre os seres humanos – uma relação de cooperação, ao invés de competição;
– E no modo de pensar – a substituição da cultura do preço por uma cultura de apreço.

Esse foi o vídeo de chamamento para formação da CSA CEAFIM no final de 2018:

E esse foi o vídeo feito sobre o CEAFIM (e sobre a CSA CEAFIM) para o Rotas Gastronômicas da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo:

Conheça quem fez o Propulsão Local:
projetos equipe